lunes, 9 de junio de 2008

A DIVINA RESSACA


“Não se embriaguem, pois a bebida levará vocês à desgraça; mas encham-se do Espírito de Deus.”

- Efésios 5.18


A festa seguia. Jesus estava a um canto, com acne a cobrir-lhe parte da cara que não tinha barba. Ele era a Palavra. Ele era tímido.

Os noivos dançavam no meio da pista ao som de uma música típica do deserto. Os discípulos de Jesus dançavam e bebiam vinho. Maria, a Virgem, a Mãe de Jesus, conversava com outra mãe, excessivamente orgulhosa do seu pecado. “O meu filho está bem, graças a Deus, muito bem … Tem jeito para o negócio… E para as mulheres…”. Maria, a Virgem, sorriu: “O meu Jesus é um bom rapaz… Só é tímido… se calhar é por ser filho de Deus…”. A outra mãe, conhecida por Maria, mas não virgem, respondeu quase como se a resposta de Maria, a Virgem, não tivesse importância: “O pai do meu David nunca quis que ele fosse um rapaz tímido. Queria que ele fosse extrovertido, desenrascado e tivesse vitalidade, por isso levava sempre o meu David para sair com ele e conhecer gente…”. Maria, a Virgem, responde-lhe com um tímido sorriso, quase tão tímido como o seu filho. “Quê? O pai do teu Jesus não fazia o mesmo?”, questiona Maria, a pecadora, fingindo surpresa pois a verdade era que naqueles tempos, era habitual os pais afastarem-se dos filhos. “O Pai do meu Filho… é, digamos, uma pessoa bastante ocupada…” diz Maria, a Virgem, conformada.

“Pobre… e não tem tempo para o teu filho… um pai ausente…”. “A compaixão fica mal a uma pecadora”, pensou Maria, a Virgem, “tão mal como o vestido branco que usa”.Maria, a Virgem, inspira muito pausadamente e responde: “o problema do Pai dele é que tem muitos filhos e tem de estar em todo o lado ao mesmo tempo…”.

Jesus, que neste momento teria os seus 17, 18 anos, mantinha-se calmo no canto da sala a observar o que se passava. Via Pedro a abusar do vinho e João a abusar de uma jovem; via Judas a falar com o Pai da noiva e Tomé a falar sozinho. “Porque me acompanha esta gente?” pensou Jesus. “Será que acreditam que sou mesmo o filho de Deus?”.

Na realidade, os doze acompanhavam Jesus porque este era bom carpinteiro, trabalhava bem com a madeira e isso era útil para pescadores com constantes problemas nas suas embarcações. Jesus reparava os barcos de graça e eles diziam e afirmavam que Jesus era o filho de Deus, que curava os doentes, que mostrava a Luz aos “cegos” e que era o Messias dos Judeus.

De repente, na festa, a música pára. As pessoas param. E o pai da noiva dá a triste notícia: “Acabou-se o vinho”. Jesus esboça um breve sorriso. “É desta”, pensa ele. A desilusão é enorme entre os convidados. Os músicos continuam a tocar, mas faltava a alegria para dançar e para se manterem… alegres… Maria, a Virgem, olha na direcção de Jesus e vê o pequeno e desprezível sorriso no canto da boca.

Maria, a Virgem, aproxima-se do seu imaculado Filho e olha-lhe nos olhos. O sorriso de Jesus agora era tranquilizador. “Sabes o que tens a fazer, não?”, perguntou-lhe a Maria, a Virgem. Jesus sorri, observa Pedro a tentar roubar umas gotas de vinho ao copo já vazio e responde: “Ainda não é o momento…”. A mãe impacienta-se. “Mas, filho…”. Jesus interrompe Maria, a Virgem, e diz-lhe: Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. (Ec 3:1) “ Lá estás outra vez com essas frases que não convencem ninguém…”. Jesus voltou a sorrir: “Mãe querida, se soubesses o que eu sei…”. Maria, a Virgem, zangada volta costas ao filho e afasta-se dele. Jesus observa Pedro a cambalear pelo chão de caneca vazia e a rogar a Deus mais vinho. “É agora!”, pensou Jesus.

“Todo outro homem apresenta primeiro o vinho excelente, e, quando as pessoas ficam inebriadas, o inferior. Tu reservaste o vinho excelente até agora”

- João 2:9,10

No dia a seguir a festa, Jesus dormia no seu quarto tranquilamente. Agora, Ele é a Palavra. Ele é o Milagre.

Maria, a Virgem, preparava a comida com uma vontade divina reforçada pelo primeiro milagre do seu rebento. Enquanto temperava o cabrito com o último copo de vinho Espírito Santo, pensava na outra Maria, a pecadora, e sorria como uma criança feliz por ter um brinquedo melhor que as demais. Só um latido seco e brusco na porta da sua pequena casa podia interromper aquela feliz e tranquila manhã.

De repente, um latido seco e brusco na porta da pequena casa interrompe aquela feliz e tranquila manhã. Maria, a Virgem, assusta-se. Meia surpreendida, dirige-se a porta. Eram os 12 apóstolos, como agora são conhecidos.

Pedro olha humildemente Maria, a Virgem.

“Ele está?”. Maria, a Virgem, sorri e acena afirmativamente a cabeça. Pedro sorri. Os restantes, com as suas enormes olheiras e com suores apenas justificados pelo calor do deserto, e quiçá, pela ressaca, sorriem com ele.

Ámen.

Maria, a Virgem, fá-los entrar. Eles estão nervosos. Eles são os difusores da Palavra.

Jesus, com o alarido, acorda e dirige-se para a cozinha. Os 12 apóstolos ajoelham-se perante a Palavra. Perante o Milagre. Jesus olha-os com orgulho e ordena que todos se levantem.

“Senhor, Filho de Deus, do Amor e Pai de todos os Homens, dá-nos a graça do teu vinho, do Espírito Santo. Ele enche-nos a alma e o coração”. Apesar da aparente eloquência do discurso, Pedro estava nervoso e tremia. Jesus levanta os braços e sorri. “Meus fiéis seguidores, o Espírito Santo encontra-se na oração, no sacrifício e na Vontade de Deus, meu Pai, vosso Mestre. O Espírito Santo encontra-se em todo lado, mas só os iluminados o podem ver e sentir e desfrutar. Sigam a minha Palavra, sigam os meus ensinamentos e no Meu Reino, para lá do Sol e das Estrelas, o Espírito Santo existe eternamente, para vosso deleite”.

Os apóstolos, com as gargantas secas, gritaram: “Aleluia”!

Estes são os fundamentos. Estes são os motivos.

Sigamos a Palavra. Sigamos o Milagre.

One morning, as Gregor Samsa was waking up from anxious dreams, he discovered that he had a monstrous verminous hangover. He lay on his back and saw, as he lifted his head up a little, his body, still fully clothed in the garments he had worn the night before. Images of drinking at his friend's house and later in numerous bars in the town centre, flickered painfully before his eyes.

"What happened to me," he thought. It was no dream. As he thought these things over, without being able to make the decision to get out of bed—the alarm clock was indicating exactly quarter to ten—there was a cautious knock on the door by the head of the bed.

"Gregor," a voice called—it was his mother!—"it's quarter to ten. Don't you want to be on your way?"

He heard himself answer, "A slight indisposition, a dizzy spell, has prevented me from getting up. I'm still lying in bed right now. But I'm quite refreshed once again. I'm in the midst of getting out of bed. Just have patience for a short moment! Everything's alright. How suddenly this can overcome someone!"

Gregor's glance then turned to the window. The dreary weather—the rain drops were falling audibly down on the metal window ledge—made him quite melancholy. "Why don't I keep sleeping for a little while longer and forget all this foolishness," he thought. But this was entirely impractical, for he was still feeling slightly tipsy and the ensuing dizziness made it impossible to close his eyes without feeling a dull pain in the side of his head which was as strong as he had never felt it before.

He slid back again into his earlier position. "This getting up early," he thought, "makes a man quite idiotic. A man must have his sleep.